segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sabor de fruta mordida


Ela já tinha assistido o filme e o classificava como um dos melhores que já tinha visto. Queria muito que ele o assistisse também. Sentia vontade de dividir as coisas que gostava com ele. Com aquele que ela dividia suas angustias, felicidades e dissabores. Não eram amigos de infância, mas sentia que gostava muito dele.

Ele não se importava muito qual seria o filme que assistiriam naquela noite, apenas não queria sair. Estava cansado e gostava muito de ficar em casa, cercado com suas bagunças que trouxera de suas viagens ao redor do mundo. Também sentia-se bem ao lado dela, conversavam e riam muito quando estavam juntos.

Ela chegou com o filme, acomodaram-se perto um do outro e começaram a assisti-lo. Ansiosa, ela queria antecipar as partes importantes para ele, temendo que ele pudesse não entender , ou pior, que pudesse não gostar. Ele era um homem menino e dava risada do jeito dela. Brincava com os personagens inventando situações inusitadas para eles.

Mesmo já tendo assistido aquele filme, ela percebeu de repente que não era mais o mesmo. Tudo estava diferente agora. Os personagens, o tema, a música... As coisas aconteciam de forma rápida porém numa cronologia perfeita. Eles quase não falavam mais um com o outro, estavam envolvidos e surpresos com o que estava acontecendo. A cada cena que aparecia, uma nova sensação era despertada...

Eles não sabiam o que dizer sobre o que tinha acontecido. O filme era o mesmo mas tudo estava mudado. Ela sentiu medo e assim como a cinderela, saiu correndo antes que o relógio desse a última badalada.
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"Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta a mordida
Nós na batida no embalo da rede
Matando a sede na saliva..."
Cazuza

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