quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Rafaela, meu amor!

Trecho de um livro não publicado, Capítulo 8, Eneida Lamarca

E, de repente, uma vontade maluca de ser mãe invadiu todo o meu ser. Fiquei surpresa pois nunca fui de brincar muito com bonecas quando era pequena, nem tampouco corria para segurar bebês no colo. Gostava muito de crianças, claro, mas nada além disso.

Não tardou muito e aconteceu. Eu estava grávida! (Oh! Céus...o que fazer?). A sensação de ter um bebezinho dentro do ventre, de senti-lo crescer, mexer e esperá-lo era indescritível. O corpo mudava a uma velocidade desafiadora e as roupas não serviam mais. A cintura fina deu lugar a uma barriguinha que era incentivada a mostrar-se. E aquele apetite usual por saladinhas foi automaticamente substituído por uma refeição completa.

A espera demorou nove meses e enfim ela chegou. Assim que trocamos o primeiro olhar, eu me apaixonei perdidamente. Ela era uma garotinha muito linda e risonha. Esperta como é até hoje, abocanhou meu seio e começou a mamar logo que teve oportunidade. E eu sentia um misto de estranhamento, dor, aprendizado, prazer em alimentá-la e realização. Tudo misturado.

Cada dia da nossa convivência era uma aventura para ambas. Eu simplesmente me transformei em alguém que se doa. Alguém que ama incondicionalmente, que transforma, que educa. Alguém que seria capaz de ter 100 filhos e amá-los com a mesma intensidade, sem esperar o algo de volta. Afinal, amor de mãe é aquele amor que mais se assemelha ao amor que Deus tem por nós.

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