sábado, 19 de julho de 2008

Opostos complementares


Foto: Parecidos (eu amo zebras...)

O que pode ser mais gostoso do que ser diferente de alguém e identificar nessas diferenças objetos tão complementares ao mesmo tempo?

"O que é belo não é só belo.
O que é bom não é apenas bom.
O belo mistura-se ao que é feio.
A fruta amadurece depois apodrece
doa-se, sementes, reciclando a vida.

Som e silêncio se harmonizam,
transformam-se em música.
O antes e o depois se interpõem.
A frente e as costas do homem
complementam-se simetricamente.

O que é belo não é só belo.
O que é bom não é apenas bom.
O todo tem dois tons, dois lados.

Dividir o que é uno é errado.
Exaltar só um lado do todo
é uma tolice, engano crucial.
Quem pode esconder do olho o bem,
e escolher e relevar a todos só o mal?

O sábio não é de forçar a barra,
ele não divide o que é único.
Sabe que no um há sempre dois;
que de dois nascerá o três. E mais...

Não adapta o mundo a si,
tem ciência de que não é o seu autor.
Age e nada espera em troca.
Às coisas ele não se prende, nem as enlaça,
por isso seu valor torna-se perene.

O que é belo não é só belo.
O que é bom não é apenas bom.
O todo tem dois tons, dois lados...."

Adaptação poética de idéia de Lao Tsé, de O Livro do Caminho

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito o texto... Nada é único por sí só... Melhor descrição da realidade impossível... Aliás continue assim, está "mandando" muito bem no blog... ;-)

Bjs